Mulher, porque choras?
A Pandemia à Luz da Fé
O Covid-19 será uma graça ou uma grande desgraça?
É sabido que nada daquilo que acontece no céu e na terra escapa ao desígnio ou plano de Deus acerca da humanidade, que é sempre um desígnio de amor e de vida em abundância.
Fomos atingidos por um autêntico furacão, inesperado, violento e cruel, a pandemia do Covid-19, causando grandes transtornos económicos, políticos, sociais e até eclesiais, e ceifando milhares de vidas que muito lamentamos e por cujas almas rezamos.
Os nossos Bispos, em vários países, entre os quais o nosso Portugal, tomaram a inaudita decisão de suspender as Santas Missas comunitárias, entre outras restrições que todos conhecemos.
Muitos católicos ficaram tristes e questionaram os seus Bispos a fim de saberem as reais motivações de tal decisão, ao abrigo dos seus direitos legítimos, consignados no Código de Direito Canónico. Foi o caso do meu irmão Pe. Manuel Pedro. O Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa e o nosso Bispo de Leiria-Fátima tiveram a amabilidade de lhe responder, apesar das suas imensas tarefas e preocupações, a quem desde já muito agradecemos com respeito e devida reverência.
Mas, analisemos de outra perspetiva este acontecimento eclesial à luz da fé e peçamos ao Senhor que nos cure da nossa cegueira e nos dê a Sua Luz, assim como curou o cego de nascença do Evangelho deste quarto Domingo (cf. Jo9, 1-41). Prestemos também atenção a estas graves palavras dirigidas por Jesus à mística italiana e Serva de DeusLuisaPiccarreta:
«Continuando em meu estado habitual, o sempre amável Jesus Se fazia ver aflito, aflito, e eu disse-lhe: “Meu amor, por que estás assim tão aflito?” E Ele: “Ah, Minha filha! Quando permitir que as igrejas permaneçam desertas, os ministros dispersos, Missas diminuídas, significará que os Sacrifícios Me serão ofensas, as orações insultos, as adorações irreverências, as Confissões passatempos e sem fruto. Portanto, não encontrando mais Minha glória senão ofensas e nem o bem deles, não Me servindo mais, as impeço. Mas, no entanto, este arrancar os ministros de Meu Santuário significa também que as coisas chegaram ao ponto pior, e que a diversidade dos castigos se multiplicará. Quão duro é o homem, quão duro ele é!”» (Jesús a la S. D. LuisaPiccareta. Libro de Cielo. Vol. 12, 02/12/1918)
Apesar de a maioria dos portugueses se considerarem católicos. Será que há uns anos a esta parte se está a viver a Quaresma como tempo de oração, conversão ou penitência, mortificação e preparação para a grande solenidade da Páscoa?
Infelizmente, não!...
Contudo, reparai em quantas mudanças comportamentais estão a acontecer na sequência desta pandemia:
De repente, todos os portugueses estão retirados em suas casas. A agitação cessou. Menos viagens inúteis e prejudiciais, menos consumismo, menos correria, mais tempo para ler e meditar, para ajudar os necessitados, para rezar em família, para reconhecer que somos meras criaturas e não deuses.
Deus é tão grande e poderoso que utiliza uma criatura tão pequena, o vírus, para os seus desígnios de salvação dos Seus filhos muitos amados e até para abalar o orgulho da ciência e dos poderosos deste mundo, que há muitos anos se opõem às Suas Leis perfeitíssimas.
Deus nosso Senhor, através dos nossos bispos, está também a obrigar-nos a parar, a meditar e a corrigir tantos excessos. Deus pôs-nos em retiro, verdadeiramente 40 dias de deserto. O nosso Bispo, há vários anos a esta parte, bem tem tentado levar a sua diocese de Leiria-Fátima a fazer o chamado “Retiro Popular”, mas sem a tão desejada eficácia. Agora, o Senhor, através de uma epidemia, colocou toda a gente em verdadeiro retiro em suas casas. “Tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, reza em segredo a teu Pai” (Mt 6,6).
Por outro lado, esta pandemia atinge-nos em plena Quaresma e nela o Senhor, por meio dos nossos Bispos, priva-nos dos Seus maiores tesouros: os sacramentos. O Senhor Nosso Deus, nesta Quaresma, submete-nos ao maior sacrifício e à maior penitência possível: a privação do Seu Filho, realmente presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade no Santíssimo Sacramento da Eucaristia.
Que quererá o Senhor dizer-nos com isto? Esta é a vontade de Deus, sem dúvida, porque Deus governa a Sua Igreja através dos seus Pastores.
Pensemos: Andamos a receber os sacramentos com as devidas disposições interiores? Não haverá muitas confissões mal feitas e sem frutos e tantas comunhões sacrílegas? Não haverás tantas Missas, mais teatros do que celebrações sagradas? Não haverás tantas crianças e adolescentes na catequese a receber sacramentos com tanta falta de fé e amor a Deus? Tantas adorações que são insultos. Tanto formalismo na nossa Igreja e falta de zelo apostólico. Vede como em Fátima, o Anjo de Portugal ensinou os Pastorinhos a adorar e a receber Jesus no tremendo mistério da Eucaristia. O anjo chamou também a atenção para os horríveis sacrilégios e ofensas a Deus. E Nossa Senhora de Fátima pediu-nos: “Não ofendais mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido”. Já o Papa Bento XVI, numa Via Sacra no início do seu Pontificado, rezou: “Senhor, quanta sujeira há na Tua Igreja?”
«Mulher, porque Choras? A quem procuras? Pensando que era o hortelão, ela disse-lhe: “Senhor, se tu O levaste, diz-me onde O puseste e eu irei buscá-lo”. Disse-lhe Jesus: “Maria!”» (Jo 20, 15.16)
Esta pergunta que o Senhor fez a Maria Madalena, também a faz a cada a um de nós e a toda a Igreja, a Sua Esposa, “porque choras?”
O choro de Maria Madalena era porque muito amava Jesus (cf. Lc 7,47). Enquanto não chorarmos, como Maria Madalena chorava os seus pecados e mais tarde a ausência do Seu Senhor, ainda não estamos verdadeiramente preparados para receber Jesus digna e frutuosamente no nosso coração.
Rezemos muito e jejuemos, pedindo a graça de uma verdadeira conversão. Rezemos muito pelos nossos bispos e obedeçamos sempre às suas orientações, mesmo que não as entendamos bem e que sejam muito custosas, porque são os Pastores que o Senhor nos deu e é através deles que nos governa.
Continuação de uma autêntica e santa Quaresma para todos vós, com as melhores bênçãos do Senhor Nosso Deus.
Urqueira, 22 de Março de 2020
Pe. João Nuno de Pina Pedro
É sabido que nada daquilo que acontece no céu e na terra escapa ao desígnio ou plano de Deus acerca da humanidade, que é sempre um desígnio de amor e de vida em abundância.
Fomos atingidos por um autêntico furacão, inesperado, violento e cruel, a pandemia do Covid-19, causando grandes transtornos económicos, políticos, sociais e até eclesiais, e ceifando milhares de vidas que muito lamentamos e por cujas almas rezamos.
Os nossos Bispos, em vários países, entre os quais o nosso Portugal, tomaram a inaudita decisão de suspender as Santas Missas comunitárias, entre outras restrições que todos conhecemos.
Muitos católicos ficaram tristes e questionaram os seus Bispos a fim de saberem as reais motivações de tal decisão, ao abrigo dos seus direitos legítimos, consignados no Código de Direito Canónico. Foi o caso do meu irmão Pe. Manuel Pedro. O Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa e o nosso Bispo de Leiria-Fátima tiveram a amabilidade de lhe responder, apesar das suas imensas tarefas e preocupações, a quem desde já muito agradecemos com respeito e devida reverência.
Mas, analisemos de outra perspetiva este acontecimento eclesial à luz da fé e peçamos ao Senhor que nos cure da nossa cegueira e nos dê a Sua Luz, assim como curou o cego de nascença do Evangelho deste quarto Domingo (cf. Jo9, 1-41). Prestemos também atenção a estas graves palavras dirigidas por Jesus à mística italiana e Serva de DeusLuisaPiccarreta:
«Continuando em meu estado habitual, o sempre amável Jesus Se fazia ver aflito, aflito, e eu disse-lhe: “Meu amor, por que estás assim tão aflito?” E Ele: “Ah, Minha filha! Quando permitir que as igrejas permaneçam desertas, os ministros dispersos, Missas diminuídas, significará que os Sacrifícios Me serão ofensas, as orações insultos, as adorações irreverências, as Confissões passatempos e sem fruto. Portanto, não encontrando mais Minha glória senão ofensas e nem o bem deles, não Me servindo mais, as impeço. Mas, no entanto, este arrancar os ministros de Meu Santuário significa também que as coisas chegaram ao ponto pior, e que a diversidade dos castigos se multiplicará. Quão duro é o homem, quão duro ele é!”» (Jesús a la S. D. LuisaPiccareta. Libro de Cielo. Vol. 12, 02/12/1918)
Apesar de a maioria dos portugueses se considerarem católicos. Será que há uns anos a esta parte se está a viver a Quaresma como tempo de oração, conversão ou penitência, mortificação e preparação para a grande solenidade da Páscoa?
Infelizmente, não!...
Contudo, reparai em quantas mudanças comportamentais estão a acontecer na sequência desta pandemia:
De repente, todos os portugueses estão retirados em suas casas. A agitação cessou. Menos viagens inúteis e prejudiciais, menos consumismo, menos correria, mais tempo para ler e meditar, para ajudar os necessitados, para rezar em família, para reconhecer que somos meras criaturas e não deuses.
Deus é tão grande e poderoso que utiliza uma criatura tão pequena, o vírus, para os seus desígnios de salvação dos Seus filhos muitos amados e até para abalar o orgulho da ciência e dos poderosos deste mundo, que há muitos anos se opõem às Suas Leis perfeitíssimas.
Deus nosso Senhor, através dos nossos bispos, está também a obrigar-nos a parar, a meditar e a corrigir tantos excessos. Deus pôs-nos em retiro, verdadeiramente 40 dias de deserto. O nosso Bispo, há vários anos a esta parte, bem tem tentado levar a sua diocese de Leiria-Fátima a fazer o chamado “Retiro Popular”, mas sem a tão desejada eficácia. Agora, o Senhor, através de uma epidemia, colocou toda a gente em verdadeiro retiro em suas casas. “Tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, reza em segredo a teu Pai” (Mt 6,6).
Por outro lado, esta pandemia atinge-nos em plena Quaresma e nela o Senhor, por meio dos nossos Bispos, priva-nos dos Seus maiores tesouros: os sacramentos. O Senhor Nosso Deus, nesta Quaresma, submete-nos ao maior sacrifício e à maior penitência possível: a privação do Seu Filho, realmente presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade no Santíssimo Sacramento da Eucaristia.
Que quererá o Senhor dizer-nos com isto? Esta é a vontade de Deus, sem dúvida, porque Deus governa a Sua Igreja através dos seus Pastores.
Pensemos: Andamos a receber os sacramentos com as devidas disposições interiores? Não haverá muitas confissões mal feitas e sem frutos e tantas comunhões sacrílegas? Não haverás tantas Missas, mais teatros do que celebrações sagradas? Não haverás tantas crianças e adolescentes na catequese a receber sacramentos com tanta falta de fé e amor a Deus? Tantas adorações que são insultos. Tanto formalismo na nossa Igreja e falta de zelo apostólico. Vede como em Fátima, o Anjo de Portugal ensinou os Pastorinhos a adorar e a receber Jesus no tremendo mistério da Eucaristia. O anjo chamou também a atenção para os horríveis sacrilégios e ofensas a Deus. E Nossa Senhora de Fátima pediu-nos: “Não ofendais mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido”. Já o Papa Bento XVI, numa Via Sacra no início do seu Pontificado, rezou: “Senhor, quanta sujeira há na Tua Igreja?”
«Mulher, porque Choras? A quem procuras? Pensando que era o hortelão, ela disse-lhe: “Senhor, se tu O levaste, diz-me onde O puseste e eu irei buscá-lo”. Disse-lhe Jesus: “Maria!”» (Jo 20, 15.16)
Esta pergunta que o Senhor fez a Maria Madalena, também a faz a cada a um de nós e a toda a Igreja, a Sua Esposa, “porque choras?”
O choro de Maria Madalena era porque muito amava Jesus (cf. Lc 7,47). Enquanto não chorarmos, como Maria Madalena chorava os seus pecados e mais tarde a ausência do Seu Senhor, ainda não estamos verdadeiramente preparados para receber Jesus digna e frutuosamente no nosso coração.
Rezemos muito e jejuemos, pedindo a graça de uma verdadeira conversão. Rezemos muito pelos nossos bispos e obedeçamos sempre às suas orientações, mesmo que não as entendamos bem e que sejam muito custosas, porque são os Pastores que o Senhor nos deu e é através deles que nos governa.
Continuação de uma autêntica e santa Quaresma para todos vós, com as melhores bênçãos do Senhor Nosso Deus.
Urqueira, 22 de Março de 2020
Pe. João Nuno de Pina Pedro