As Aparições de Fátima (Memórias da Irmã Lúcia)
Aparições do Anjo - 1916
Um ano antes, em 1916, o Anjo de Portugal apareceu três vezes aos
pastorinhos, Lúcia, Francisco e Jacinta, convidando-os à oração, sacrifício e
desagravo, em preparação para as visitas de Nossa Senhora. Conta a Lúcia:
Ao chegar junto de nós, disse: - Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai comigo. E, ajoelhando em terra, curvou a fronte até ao chão, e fez-nos repetir três vezes estas palavras: - Meu deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam. Depois, erguendo-se disse: - Orai assim. Os corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas. E desapareceu. |
Aparição de Nossa Senhora - 1917
Uma Senhora Mais Brilhante que o Sol
13 de Maio - Domingo
13 de Maio - Domingo
“Andando a brincar com a Jacinta e o Francisco no cimo da encosta da Cova da Iria a fazer uma paredita em volta duma moita, vimos, de repente, como que um relâmpago.
- É melhor irmo-nos embora para casa – disse a meus primos – que estão a fazer relâmpagos e pode vir trovoada.
- Pois sim!
E começamos a descer a encosta, tocando as ovelhas em direcção à estrada. Ao chegar mais ou menos a meio da encosta, quase junto duma azinheira grande que aí havia, vimos outro relâmpago e, dados alguns passos mais, vimos sobre uma carrasqueira uma senhora vestida toda de branco, mais brilhante que o sol, espingardando luz mais clara e intensa que um corpo de cristal cheio de água cristalina, atravessando pelos raios do sol mais ardente.
Parámos, surpreendidos pela aparição. Estávamos tão perto que ficávamos dentro da luz que a cercava ou que Ela espargia, talvez a metro e meio de distância, mais ou menos. Então nossa senhora disse-nos:
- Não tenhais medo. Eu não vos faço mal.
- De donde é vossemecê? – Perguntei-lhe.
Ela respondeu: - Sou do Céu.
- E que é que Vossemecê me quer?
- Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13, a esta mesma hora. Depois direi quem sou e o que quero. Depois, voltarei ainda aqui uma sétima vez.
- E eu também vou para o Céu?
Ela respondeu: - Sim, vais.
- E a Jacinta?
- Também.
- E o Francisco?
- Também, mas tem que rezar muitos terços.
Lembrei-me, então, de perguntar por duas raparigas que tinham morrido há pouco. Eram minhas amigas e estavam em minha casa a aprender a tecedeiras com a minha irmã mais velha:
- A Maria das Neves já está no Céu?
- Sim, está.
- E a Amélia?
- Estará no purgatório até ao fim do mundo.
- Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?
- Sim, queremos.
- Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.
Foi ao pronunciar estas palavras “a graça de Deus, etc.” que abriu, pela primeira vez, as mãos comunicando-nos uma luz muito intensa – como que um reflexo que delas expedia – penetrando-nos no peito e no mais intimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa Luz, mais claramente do que nos vemos no melhor dos espelhos”.
- É melhor irmo-nos embora para casa – disse a meus primos – que estão a fazer relâmpagos e pode vir trovoada.
- Pois sim!
E começamos a descer a encosta, tocando as ovelhas em direcção à estrada. Ao chegar mais ou menos a meio da encosta, quase junto duma azinheira grande que aí havia, vimos outro relâmpago e, dados alguns passos mais, vimos sobre uma carrasqueira uma senhora vestida toda de branco, mais brilhante que o sol, espingardando luz mais clara e intensa que um corpo de cristal cheio de água cristalina, atravessando pelos raios do sol mais ardente.
Parámos, surpreendidos pela aparição. Estávamos tão perto que ficávamos dentro da luz que a cercava ou que Ela espargia, talvez a metro e meio de distância, mais ou menos. Então nossa senhora disse-nos:
- Não tenhais medo. Eu não vos faço mal.
- De donde é vossemecê? – Perguntei-lhe.
Ela respondeu: - Sou do Céu.
- E que é que Vossemecê me quer?
- Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13, a esta mesma hora. Depois direi quem sou e o que quero. Depois, voltarei ainda aqui uma sétima vez.
- E eu também vou para o Céu?
Ela respondeu: - Sim, vais.
- E a Jacinta?
- Também.
- E o Francisco?
- Também, mas tem que rezar muitos terços.
Lembrei-me, então, de perguntar por duas raparigas que tinham morrido há pouco. Eram minhas amigas e estavam em minha casa a aprender a tecedeiras com a minha irmã mais velha:
- A Maria das Neves já está no Céu?
- Sim, está.
- E a Amélia?
- Estará no purgatório até ao fim do mundo.
- Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?
- Sim, queremos.
- Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.
Foi ao pronunciar estas palavras “a graça de Deus, etc.” que abriu, pela primeira vez, as mãos comunicando-nos uma luz muito intensa – como que um reflexo que delas expedia – penetrando-nos no peito e no mais intimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa Luz, mais claramente do que nos vemos no melhor dos espelhos”.
O Coração de Maria
13 de Junho - Quarta-Feira
13 de Junho - Quarta-Feira
"Depois de rezar o terço com a Jacinta e o Francisco e mais pessoas que estavam presentes, vimos de novo o reflexo da luz que se aproximava (a que chamávamos relâmpago), e em seguida Nossa senhora sobre a carrasqueira, em tudo igual a Maio.
- Vocemecê que me quer? - perguntei.
- Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que rezeis o terço todos os dias e que aprendais a ler. Depois direi o que quero.
Pedi a cura dum doente.
- Se se converter, curar-se-á durante o ano.
- Queria pedir-lhe para nos levar para o Céu.
- Sim, a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-Se de ti para me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem a abraçar prometo a salvação e serão queridas de Deus estas almas como flores postas por mim a adornar o seu trono.
- Fico cá sozinha? - perguntei com pena.
- Não, filha. E tu sofres muito por isso? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus.
Foi no momento que disse estas últimas palavras que abriu as mãos e nos comunicou pela segunda vez o reflexo dessa luz imensa. Nela nos víamos como que submergidos em Deus. A Jacinta e o Francisco parecia estarem na parte dessa luz que se elevava para o Céu e eu na que se espargia sobre a terra. À frente da palma da mão direita de Nossa Senhora estava um Coração cercado de espinhos que parecia estarem-lhe cravados. Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que queria reparação."
- Vocemecê que me quer? - perguntei.
- Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que rezeis o terço todos os dias e que aprendais a ler. Depois direi o que quero.
Pedi a cura dum doente.
- Se se converter, curar-se-á durante o ano.
- Queria pedir-lhe para nos levar para o Céu.
- Sim, a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-Se de ti para me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem a abraçar prometo a salvação e serão queridas de Deus estas almas como flores postas por mim a adornar o seu trono.
- Fico cá sozinha? - perguntei com pena.
- Não, filha. E tu sofres muito por isso? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus.
Foi no momento que disse estas últimas palavras que abriu as mãos e nos comunicou pela segunda vez o reflexo dessa luz imensa. Nela nos víamos como que submergidos em Deus. A Jacinta e o Francisco parecia estarem na parte dessa luz que se elevava para o Céu e eu na que se espargia sobre a terra. À frente da palma da mão direita de Nossa Senhora estava um Coração cercado de espinhos que parecia estarem-lhe cravados. Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que queria reparação."
O Grande Segredo
13 de Julho - Sexta-Feira
13 de Julho - Sexta-Feira
"Momentos depois de termos chegado à Cova de Iria, junto da carrasqueira, entre numerosa multidão de povo, estando a rezar o terço, vimos o reflexo da costumada luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira.
- Vossemecê que me quer? - perguntei.
- Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer.
- Queria pedir-lhe para nos dizer quem é, para fazer um milagre com que todos acreditem que Vossemecê nos aparece.
- Continuem a vir aqui todos os meses. Em Outubro direi quem sou, o que quero e farei um milagre que todos hão-de ver para acreditar.
Aqui fiz alguns pedidos que não recordo bem quais foram. O que me lembro é que Nossa Senhora disse que era preciso rezarem o terço para alcançarem as graças durante o ano. E continuou:
- Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vez, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: Ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.
Ao dizer estas últimas palavras, abriu de novo as mãos como nos dois meses passados. O reflexo pereceu penetrar a terra e vimos como que um mar de fogo, mergulhados nesse fogo os demónios e as almas como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo caindo para todos os lados - semelhante ao cair das faúlhas em grandes incêndios - sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero, que horrorizava e fazia estremecer de pavor (devia ser ao deparar-me com essa vista que dei esse "ai", que dizem ter-me ouvido). Os demónios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes como negros carvões em brasa.
Assustados e como que a pedir socorro levantámos a vista para Nossa Senhora, que nos disse com bondade e tristeza:
- Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas, se não deixarem de ofender a Deus... começará outra pior. Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo de seus crimes por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos primeiros sábados.
Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo promovendo guerras e perseguições à Igreja; os bons serão martirizados; o Santo Padre terá muito que sofrer; várias nações serão aniquiladas. Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-à a Rússia que se converterá e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal, conservar-se-á sempre o Dogma de Fé, etc. Isto não o digais a ninguém. Ao Francisco, sim, podeis dizê-lo.
Quando rezais o terço, dizei depois de cada mistério: Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem.
Seguiu-se um instante de silêncio e perguntei:
- Vossemecê não me quer mais nada?
- Não, hoje não te quero mais nada.
E, como de costume, começou a elevar-se em direcção ao nascente até desaparecer na imensa distância do firmamento."
- Vossemecê que me quer? - perguntei.
- Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer.
- Queria pedir-lhe para nos dizer quem é, para fazer um milagre com que todos acreditem que Vossemecê nos aparece.
- Continuem a vir aqui todos os meses. Em Outubro direi quem sou, o que quero e farei um milagre que todos hão-de ver para acreditar.
Aqui fiz alguns pedidos que não recordo bem quais foram. O que me lembro é que Nossa Senhora disse que era preciso rezarem o terço para alcançarem as graças durante o ano. E continuou:
- Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vez, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: Ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.
Ao dizer estas últimas palavras, abriu de novo as mãos como nos dois meses passados. O reflexo pereceu penetrar a terra e vimos como que um mar de fogo, mergulhados nesse fogo os demónios e as almas como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo caindo para todos os lados - semelhante ao cair das faúlhas em grandes incêndios - sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero, que horrorizava e fazia estremecer de pavor (devia ser ao deparar-me com essa vista que dei esse "ai", que dizem ter-me ouvido). Os demónios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes como negros carvões em brasa.
Assustados e como que a pedir socorro levantámos a vista para Nossa Senhora, que nos disse com bondade e tristeza:
- Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas, se não deixarem de ofender a Deus... começará outra pior. Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo de seus crimes por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos primeiros sábados.
Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo promovendo guerras e perseguições à Igreja; os bons serão martirizados; o Santo Padre terá muito que sofrer; várias nações serão aniquiladas. Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-à a Rússia que se converterá e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal, conservar-se-á sempre o Dogma de Fé, etc. Isto não o digais a ninguém. Ao Francisco, sim, podeis dizê-lo.
Quando rezais o terço, dizei depois de cada mistério: Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem.
Seguiu-se um instante de silêncio e perguntei:
- Vossemecê não me quer mais nada?
- Não, hoje não te quero mais nada.
E, como de costume, começou a elevar-se em direcção ao nascente até desaparecer na imensa distância do firmamento."
A Senhora Muito Triste
19 de Agosto – Domingo, nos Valinhos
19 de Agosto – Domingo, nos Valinhos
A aparição não se realizou no
dia 13 de Agosto, na Cova da iria, porque o Administrador do Concelho prendeu e
levou à falsa fé para Vila nova de Ourém os pastorinhos, no intuito de os
obrigar a revelar o segredo. Teve-os presos durante três dias, ora na
administração, ora na Cadeia Municipal.
Ofereceu-lhes os mais valiosos presentes se descobrissem o segredo. Os pequenos videntes responderam:
- Não o dizemos, nem que nos dêem o mundo todo.
Fecha-os na cadeia. Os presos aconselham-nos:
- Mas, Vocês digam ao Senhor Administrador lá esse segredo. Que lhes importa que essa Senhora não queira!
- Isso, não – respondeu a Jacinta com vivacidade – antes quero morrer.
E as três crianças rezam com aqueles infelizes o terço, diante de uma medalha da Jacinta, pendurada na parede.
O administrador ensaia uma tragédia. Manda preparar uma caldeira de azeite, em que ameaça assar os pastorinhos se não fazem o que lhes manda. Eles, embora pensando que é a sério, permanecem firmes, sem nada revelarem. No dia 15, festa da Assunção de Nossa Senhora, são finalmente conduzidos a Fátima.
No Domingo, dia 19, «andando com as ovelhas na companhia de Francisco e seu irmão João, num lugar chamado Valinhos, e sentindo que alguma coisa de sobrenatural se aproximava e nos envolvia, suspeitando que Nossa Senhora nos viesse a aparecer e tendo pena de que a Jacinta ficasse sem a ver, pedimos ao seu irmão João que a fosse chamar. Como ele não queria ir, ofereci-lhe para isso dois vinténs e lá foi a correr. Entretanto, vi com o Francisco o reflexo da luz a que chamávamos relâmpago; e chagada a Jacinta, um instante depois, vimos Nossa Senhora sobre uma carrasqueira.
- Que é que Vossemecê me quer?
- Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13, que continueis a rezar o terço todos os dias. No último mês farei o milagre para que todos acreditem.
- Que é que Vocemecê quer que se faça ao dinheiro que o povo deixa na cova da Iria?
- Façam dois andores; um leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas vestidas de branco; o outro que o leve o Francisco com mais três meninos. O dinheiro dos andores é para a festa da Nossa senhora do Rosário e o que sobrar é para ajuda duma capela que hão-de mandar fazer.
- Queria pedir-lhe a cura de alguns doentes…
- Sim, alguns curarei durante o ano.
E tomando um aspecto mais triste:
- Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas.
E, como de costume, começou a elevar-se em direcção ao nascente».
Ofereceu-lhes os mais valiosos presentes se descobrissem o segredo. Os pequenos videntes responderam:
- Não o dizemos, nem que nos dêem o mundo todo.
Fecha-os na cadeia. Os presos aconselham-nos:
- Mas, Vocês digam ao Senhor Administrador lá esse segredo. Que lhes importa que essa Senhora não queira!
- Isso, não – respondeu a Jacinta com vivacidade – antes quero morrer.
E as três crianças rezam com aqueles infelizes o terço, diante de uma medalha da Jacinta, pendurada na parede.
O administrador ensaia uma tragédia. Manda preparar uma caldeira de azeite, em que ameaça assar os pastorinhos se não fazem o que lhes manda. Eles, embora pensando que é a sério, permanecem firmes, sem nada revelarem. No dia 15, festa da Assunção de Nossa Senhora, são finalmente conduzidos a Fátima.
No Domingo, dia 19, «andando com as ovelhas na companhia de Francisco e seu irmão João, num lugar chamado Valinhos, e sentindo que alguma coisa de sobrenatural se aproximava e nos envolvia, suspeitando que Nossa Senhora nos viesse a aparecer e tendo pena de que a Jacinta ficasse sem a ver, pedimos ao seu irmão João que a fosse chamar. Como ele não queria ir, ofereci-lhe para isso dois vinténs e lá foi a correr. Entretanto, vi com o Francisco o reflexo da luz a que chamávamos relâmpago; e chagada a Jacinta, um instante depois, vimos Nossa Senhora sobre uma carrasqueira.
- Que é que Vossemecê me quer?
- Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13, que continueis a rezar o terço todos os dias. No último mês farei o milagre para que todos acreditem.
- Que é que Vocemecê quer que se faça ao dinheiro que o povo deixa na cova da Iria?
- Façam dois andores; um leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas vestidas de branco; o outro que o leve o Francisco com mais três meninos. O dinheiro dos andores é para a festa da Nossa senhora do Rosário e o que sobrar é para ajuda duma capela que hão-de mandar fazer.
- Queria pedir-lhe a cura de alguns doentes…
- Sim, alguns curarei durante o ano.
E tomando um aspecto mais triste:
- Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas.
E, como de costume, começou a elevar-se em direcção ao nascente».
Deus Está Contente
13 de Setembro – Quinta-Feira
13 de Setembro – Quinta-Feira
«Ao aproximar-se a hora lá fui com a Jacinta e o Francisco entre numerosas pessoas que a custo nos deixavam andar. As estradas estavam apinhadas de gente; todos nos queriam ver e falar; ali não havia respeito humano. Numerosas pessoas e até senhoras e cavalheiros, conseguindo romper por entre a multidão que à nossa volta se apinhava, vinham prostrar-se de joelhos diante de nós pedindo que apresentássemos a Nossa Senhora as suas necessidades. Outros, não conseguindo chegar até junto de nós, clamavam de longe:
- Pelo amor de Deus peçam a Nossa Senhora que me cure o meu filho que é aleijadinho.
Outro: - Que me cure o meu que é cego.
Outro: - O meu que é surdo.
- Que me traga meu marido, meu filho, que anda na guerra: que me converta um pecador; que me dê saúde, que estou tuberculoso, etc., etc.
Ali apareciam todas as misérias da pobre humanidade e alguns gritavam até de cima das árvores e paredes para onde subiam com o fim de nos ver passar. Dizendo a uns que sim, dando a mão a outros para os ajudar a levantar do pó da terra, lá fomos andando, graças a alguns cavalheiros que nos iam abrindo passagem por entre a multidão...
Chegámos por fim à Cova da Iria junto da carrasqueira e começámos a rezar o terço com o povo. Pouco depois vimos o reflexo da luz e a seguir Nossa senhora sobre a azinheira.
- Continuem a rezar o terço para alcançarem o fim da guerra. Em Outubro virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, S. José com o Menino Jesus para abençoarem o mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda, trazei-a só durante o dia.
- Têm-se pedido para lhe pedir muitas coisas: a cura de alguns doentes, dum surdo-mudo.
- Sim, alguns curarei, outros não. Em Outubro farei o milagre para que todos acreditem.
E começando a elevar-se desapareceu, como de costume.»
- Pelo amor de Deus peçam a Nossa Senhora que me cure o meu filho que é aleijadinho.
Outro: - Que me cure o meu que é cego.
Outro: - O meu que é surdo.
- Que me traga meu marido, meu filho, que anda na guerra: que me converta um pecador; que me dê saúde, que estou tuberculoso, etc., etc.
Ali apareciam todas as misérias da pobre humanidade e alguns gritavam até de cima das árvores e paredes para onde subiam com o fim de nos ver passar. Dizendo a uns que sim, dando a mão a outros para os ajudar a levantar do pó da terra, lá fomos andando, graças a alguns cavalheiros que nos iam abrindo passagem por entre a multidão...
Chegámos por fim à Cova da Iria junto da carrasqueira e começámos a rezar o terço com o povo. Pouco depois vimos o reflexo da luz e a seguir Nossa senhora sobre a azinheira.
- Continuem a rezar o terço para alcançarem o fim da guerra. Em Outubro virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, S. José com o Menino Jesus para abençoarem o mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda, trazei-a só durante o dia.
- Têm-se pedido para lhe pedir muitas coisas: a cura de alguns doentes, dum surdo-mudo.
- Sim, alguns curarei, outros não. Em Outubro farei o milagre para que todos acreditem.
E começando a elevar-se desapareceu, como de costume.»
O Grande Milagre
13 de Outubro - Sábado
13 de Outubro - Sábado
«Saímos de casa bastante cedo, contando com as demoras do caminho. O povo era em massa, a chuva torrencial. Minha mãe, temendo que fosse aquele o último dia da minha vida, com o coração retalhado pela incerteza do que iria acontecer, quis acompanhar-me. Pelo caminho as cenas do mês passado, mais numerosas e comovedoras. Nem a lamaceira dos caminhos impedia essa gente de se ajoelhar na atitude mais humilde e suplicante.
Chegados à Cova da Iria, junto da carrasqueira, levada por um movimento interior, pedi ao povo que fechasse os guarda-chuvas para rezarmos o terço. Pouco depois vimos o reflexo da luz e em seguida Nossa Senhora sobre a carrasqueira.
-Que é que Vossemecê me quer?
- Quero dizer-te que façam aqui uma capela em minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas.
- Eu tinha muitas coisas para lhe pedir: se curava uns doentes, se convertia uns pecadores, etc.
- Uns sim, outros não. É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados.
E tomando um aspecto mais triste:
- Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido.
E abrindo as mãos fê-las reflectir no sol e, enquanto se elevava, continuava o reflexo da sua própria luz a projectar-se no sol.
Eis o motivo pelo qual exclamei que olhassem para o sol. O meu fim não era chamar para aí a atenção do povo, pois que nem sequer me dava conta da sua presença: fi-lo apenas levada por um movimento interior que a isso me impeliu.»
Chegados à Cova da Iria, junto da carrasqueira, levada por um movimento interior, pedi ao povo que fechasse os guarda-chuvas para rezarmos o terço. Pouco depois vimos o reflexo da luz e em seguida Nossa Senhora sobre a carrasqueira.
-Que é que Vossemecê me quer?
- Quero dizer-te que façam aqui uma capela em minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas.
- Eu tinha muitas coisas para lhe pedir: se curava uns doentes, se convertia uns pecadores, etc.
- Uns sim, outros não. É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados.
E tomando um aspecto mais triste:
- Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido.
E abrindo as mãos fê-las reflectir no sol e, enquanto se elevava, continuava o reflexo da sua própria luz a projectar-se no sol.
Eis o motivo pelo qual exclamei que olhassem para o sol. O meu fim não era chamar para aí a atenção do povo, pois que nem sequer me dava conta da sua presença: fi-lo apenas levada por um movimento interior que a isso me impeliu.»