Como entender o Julgamento ou o Juízo Particular?
O mês de novembro é tradicionalmente dedicado aos fiéis defuntos e proporciona-nos de modo especial meditar a cerca dos novíssimos do homem.
Será que Deus é só amor, ternura e misericórdia, não é também justo e não castiga? Façamos a seguinte reflexão a partir da teologia católica.
Deus castiga, isso deve ficar claro desde o início. Ele castiga não apesar de ser um Deus de amor, mas exatamente porque é um Deus de amor. O que se deve entender, portanto, é em que consiste o castigo.
O grande doutor da Igreja, Santo Tomás de Aquino, explica o que significa o castigo divino em sua obra Suma Teológica, quando fala sobre a vingança. Para ele, a vingança tem uma conotação diferente daquela que é usada atualmente - como um ato irracional -, trata-se de uma virtude e deve ser entendido como o castigo infligido para a conversão do pecador.
Deus ama o homem e, por causa disso, como um pai bondoso, permite o sofrimento para que o filho se volte para Ele. São inúmeros os casos de conversão ocorridos após um grande sofrimento, alguma perda ou doença. É verdade também que Ele procura atrair o homem com vínculos humanos de amor. Mas nem sempre funciona. Nem sempre a linguagem do carinho é entendida e, nesses casos funciona é preciso que o reto caminho seja ensinado por meio do limite, da disciplina.
Deus administra a questão do sofrimento da humanidade, quase da mesma forma que o homem administra um sistema penal, diz Santo Tomás, ou seja, penalizando as pessoas primeiro para que se convertam e segundo para evitar dificuldades na sociedade. O que justifica o castigo é a intenção.
"A vingança se consuma quando se inflige ao pecador um mal de pena. Por conseguinte, na vingança deve-se levar em conta o ânimo daquele que a exerce. Porque se a intenção dele recai principalmente sobre o mal daquele de quem se está vingando, e nisto se compraz, então isto é absolutamente ilícito, porque o fato de se comprazer com o mal de outrem é da ordem do ódio, que repugna à caridade, pela qual devemos amar todos os homens. E ninguém se desculpa alegando querer o mal daquele que injustamente lhe fez mal; da mesma forma que ninguém se desculpa de odiar aqueles que o odeiam." (Suma Teológica II-II, q. 108, a. 1)
Assim, é lícito castigar com limite, com moderação, com sabedoria, mas nunca por ímpetos irracionais. É necessário também enxergar nas desventuras da própria vida o cuidado e o amor de Deus, nesse mesmo sentido.
A misericórdia de Deus muitas vezes se manifesta em forma de castigo, de correção, de limite e de disciplina. Isso ocorre por motivos simples, mas contundentes: Ele ama seus filhos e quer o bem e a salvação de todos. (cfr. www.padrepauloricardo.org)
Reflitamos agora acerca do pecado original: «Estabelecido por Deus na justiça, o homem, seduzido pelo maligno, logo no começo da História abusou da sua liberdade, erguendo-se contra Deus e desejando alcançar o seu fim à margem de Deus. (…) O que conhecemos pela Revelação divina está de acordo com a experiência. Na verdade, o homem, examinando o seu coração, descobre que é inclinado para o mal e mergulhado em múltiplos males, que não podem provir do seu Criador, que é bom.» (Conc. Vaticano II, Const. Past. Gaudium et Spes, 13; cf. Conc. De Trento, Decreto sobre o pecado original, Dz, 782-792 ;vid. Puebla n. 281, 328 e 330)
Deus colocou os nossos primeiros pais num delicioso jardim, chamado Paraíso terrestre, onde gozavam de tranquila felicidade (cf. Gen. 1,26). Elevou-os, além disso, a uma ordem sobrenatural, pela qual eram capazes de alcançar o fim sobrenatural da visão beatífica. Apesar de tudo, por ser infinitamente justo, Deus dispôs que esse fim fosse por eles obtido por mérito próprio, de acordo com a natureza livre do seu ser.
Impôs-lhes, para tal, um preceito, a saber, o não comer de uma fruta que se encontrava no meio do paraíso, advertindo-os claramente de que morreriam se desobedecessem (cf. Gen. 2, 17).
Adão e Eva não obedeceram ao Senhor. Eva deixou-se seduzir pelo Demónio, que lhe dissera que, se comessem, seriam como deuses, decidindo por si do Bem e do Mal. Comeu, pois, do fruto, e em seguida o apresentou a Adão, que, para lhe comprazer, também comeu (cf. Gen. 3).
Por conseguinte, o pecado dos nossos primeiros pais não foi um simples pecado de gula, mas um gravíssimo pecado de soberba, pretendendo ser iguais ao Altíssimo.
Em virtude do dom de integridade, o pecado não podia ser de paixão — rebelando-se as paixões contra os ditames da razão — , visto que lhe estavam perfeitamente submetidas. A rutura tinha de vir por meio da rebeldia da razão, não querendo esta sujeitar-se ao domínio de Deus.
Alem disso, o pecado tornou-se mais grave pela circunstância de que a ordem era fácil de cumprir e de que eles não tinham nem ignorância que lhes cegasse a mente, nem concupiscência que os arrastasse ao mal.
Os nossos primeiros pais foram portanto castigados por Deus, não só foram expulsos do Paraíso, como ainda: Foram privados dos dons sobrenaturais, a saber, da graça e do direito da glória Celeste; e ficaram escravos do Demónio e condenados à perdição eterna se Deus não lhes perdoasse. Foram privados dos dons preternaturais; assim: Em vez da ciência, ficaram submetidos à ignorância. Em vez da integridade, sentiram a desordem na sua natureza, a saber: a concupiscência ou rebelião da carne contra o espirito, e a inclinação ao mal por parte da vontade. Em vez da imunidade, viram-se submetidos a toda a espécie de privações e sofrimentos. Em vez da imortalidade, foram castigados com a morte.
Reflitamos agora sobre do novíssimo a morte. A morte não é o fim. Todos temos a necessidade de agir com retidão. A morte dá-nos importantes lições de prudência, que havemos de saber aproveitar: A primeira é-nos dada pelo Salvador quando diz: «Estai preparados, pois não sabeis nem o dia nem a hora» (Mt. 25, 13). A segunda a desprendermo-nos das coisas terrenas, pois só o eterno perdura. A terceira é-nos dada por S. Paulo quando diz: «Enquanto tivermos tempo, façamos o bem!» (Gal. 6, 10). Efetivamente, o tempo de expiar os nossos pecados e de obter méritos para o Céu termina com a morte.
Ensina-nos também a Sagrada Escritura que «a morte do justo é preciosa aos olhos do Senhor» (Sl. 115, 15); mas que «a morte dos pecadores é péssima» (Sl. 33, 22). Daí que, conforme for a nossa vida, assim será a nossa morte.
São terríveis as palavras com que Deus ameaça os ímpios no livro dos Provérbios: «Estive a chamar por vós, e não Me respondestes; desprezastes todos os meus conselhos e não fizestes caso nenhum das minhas repreensões. Também Eu Olharei com riso a vossa perda e troçarei de vós quando vos chegar o que temíeis, quando a morte se lance sobre vós como um turbilhão» (1, 24 e ss.).
O juízo particular, que se dá imediatamente após a morte de cada homem, consiste em que Jesus Cristo, enquanto Deus e enquanto Homem, julga aquela alma acerca do grau da caridade: se morreu ou não no Amor de Deus, e em que grau. Logo a seguir ditará a sentença de salvação ou condenação eterna.
A justiça do Supremo Juiz será estrita: «Descobrirá o mais secreto dos corações» (1 Cor. 4, 5); inapelável, pois se trata apenas de tornar manifesto aquilo que o homem livremente determinou quando podia fazê-lo.
Deus julgará os nossos pensamentos, desejos, palavras, obras e omissões. «Daremos contas até de uma palavra ociosa» (Mt. 12, 36) — diz a Escritura.
A norma segundo a qual o Senhor nos julgará não são os falsos princípios do mundo, nem o ditame das nossas paixões, mas sim as máximas do seu Evangelho e o ensino da sua Igreja: em ultima análise, do grau de graça — união com Deus — que a alma possui no seu ultimo instante.
Reflitamos agora acerca da eterna condenação no inferno. O Inferno é um lugar de tormentos, onde sofrerão eternos suplícios os que morrem em pecado mortal.
A respeito do Inferno, são verdades de fé: 1.°) que existe; 2º há nele pena de fogo; 3.°) que os seus tormentos são eternos; 4.° que vão para lá os que morrem em pecado mortal.
Isto é conhecido por muitas e muito claras palavras da Escritura. Ela chama ao Inferno «lugar de tormentos» (Lc. 16, 28), «suplício eterno» (Mt. 25, 46), «fogo inextinguível» (Mc. 9, 43). E Deus dirá aos réprobos «Afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno que está preparado para o Diabo e para os seus anjos» (Mt. 25, 41). Setenta vezes fala a Escritura do Inferno; destas, vinte e cinco nos Evangelhos.
A Igreja sempre ensinou a existência do Inferno: «As almas daqueles que saem do mundo em pecado mortal atual, imediatamente depois da sua morte descem ao Inferno, onde são atormentadas com penas infernais (Bento XII, Const. «Benedictus Deus», Dz. 531).
O Papa Paulo VI voltou a recordar, no «Credo do Povo de Deus»: Há-de «julgar os vivos e os mortos, cada um segundo os seus méritos: os que corresponderam ao Amor e à Misericórdia de Deus, indo para a vida eterna; os que os recusaram até ao fim, indo para o fogo que não se extinguirá jamais» (n. 12).
A Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé insiste em que mantendo-se fiel ao Novo Testamento e à Tradição (...) crê no castigo eterno que espera o pecador, o qual será privado da visão de Deus, e na repercussão desta pena em todo o seu ser» (Sobre algumas questões referentes à Escatologia, carta de 9-V-1979).
As penas do Inferno são:
1.° A privação de todo o bem: de todo o repouso, alegria, amor e esperança; e em especial a privação de Deus. É a chamada «pena de dano».
2º O sofrimento de todo o mal e dor. A Escritura chama-lhe «lugar de tormento» e especialmente insiste no suplício do fogo. Denomina-se «pena de sentido». As penas do inferno serão iguais em duração para todos os condenados, pois são eternas; quanto à intensidade, serão diferentes, de acordo com a gravidade dos pecados e com o abuso das graças recebidas. «Deus dará a cada um segundo as suas obras» (Rom. 2,6). «Quanto mais glória e prazer experimentou, mais tormento e luto lhes darei». (Apoc. 18,7)
Tendo em conta o que foi dito, concluímos que se Deus fosse só amor, misericórdia e ternura, não condenaria o pecador, e logo não haveria inferno.
Reflitamos gora sobre outra verdade da nossa fé: o Purgatório. O Purgatório é um lugar de purificação, onde as almas justas que não expiaram completamente os seus pecados os expiam com graves sofrimentos antes de entrarem no Céu.
A respeito do Purgatório, são verdades de fé: que existe como lugar de expiação; que podemos ajudar as almas ali detidas.
A existência do Purgatório está claramente ensinada no Magistério, implicitamente contida na Escritura, e confirmada pela própria razão. Bastará citar estas palavras do Concilio de Trento: «A Igreja Católica ensina que há um purgatório e que as almas ali detidas recebem alívio pelos sufrágios dos fiéis, principalmente pelo Santo Sacrifício da Missa» (Dz. 983).
Com efeito, depois de o livro dos Macabeus narrar que Judas enviou 12000 dracmas de prata para Jerusalém, «para que se oferecesse um sacrifício pelos mortos em combate», acrescenta: «É coisa santa e salutar rogar pelos defuntos, a fim de que sejam livres dos seus pecados» (2 Mac. 12, 46). Ora, se não houvesse Purgatório, esta prática não seria nem santa, nem salutar, mas inútil; pois, nem as almas do Céu precisam de orações, nem as do Inferno podem aproveitá-las. Confirmada pela razão. Efetivamente, há almas que morrem na graça de Deus, mas sem terem expiado convenientemente os seus pecados. Pois bem: seria injusto condená-las, porque estão em graça, e seria injusto introduzi-las já no Céu, porque não satisfizeram ainda devidamente. Deve, pois, existir para estas almas um lugar intermédio, onde se purifiquem antes de entrarem no Céu.
No entanto, o Protestantismo: «em teoria, não admite o Purgatório, e consequentemente, as orações pelos defuntos. Na prática, porem, ao menos os Luteranos alemães voltaram a elas justificando-as com algumas considerações teológicas. As orações pelos nossos mortos são um impulso demasiado espontâneo para que possa ser sufocado. É testemunho belíssimo de solidariedade, de amor, de ajuda, que ultrapassa as barreiras da morte. Da minha lembrança ou do meu esquecimento depende um pouco a felicidade ou a infelicidade daquele que me foi querido e que passou agora para a outra margem, mas que não deixa de ter necessidade do meu amor» (Card. Ratzinger, Diálogos sobre a Fé, Ed. Verbo, Lisboa, 1985, pg. 122).
Duas espécies de penas se sofrem no Purgatório: a pena de dano, ou seja a privação da visão de Deus; a pena de sentido, que consiste no fogo e noutros padecimentos. A respeito da sua intensidade, sabemos que são proporcionadas ao número e gravidade dos pecados; e que são muito mais intensas do que os sofrimentos desta vida; mas que as benditas almas as sofrem com resignação, e até com alegria, por terem a certeza da salvação. Quanto à duração, não temos dados certos. No entanto, é claro que socorrer as almas do Purgatório é: grato a Deus, que as ama intensamente e quer vê-las depressa na sua glória; proveitoso para elas, que nada podem por si mesmas, visto que já passou o tempo de satisfazer; útil para nós, pois elas se converterão em poderosas intercessoras nossas.
Devemos especialmente, pedir por aquelas almas com quem nos uniam vínculos de parentesco, amizade e gratidão, e por aquelas que podem estar a sofrer por nossa causa.
Podemos socorrer as almas do Purgatório: com orações, esmolas e boas obras, com indulgências ganhas em seu favor, e sobretudo com o Santo Sacrifício da Missa.
Reflitamos acerca de outro novíssimo: A eterna felicidade do Céu. O Céu é o lugar da eterna felicidade, onde Deus recompensa os justos: «Vinde, benditos do meu Pai, tomar posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo» (Mt 25,34) É tão diferente de tudo o que conhecemos, que nos é difícil imaginar esse prémio. No entanto, pela fé, sabemos que existe.
A glória do Céu é essa felicidade que o homem deseja veementemente nesta Terra. O coração humano é feito para amar a Deus, e algumas vezes consegue-o; outras, porém, fica pelas criaturas, que nos escondem Deus. Na Terra, porém, o gozo é sempre incompleto, ao passo que no Céu a felicidade é perfeita e não terá fim: é a felicidade possuída eternamente, sem descanso e sem cansaço.
Não podemos exprimir com palavras humanas a glória do Ceu. S. Paulo adverte-nos de que «nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem a mente humana compreendeu, o que Deus tem preparado para os que O amam» (1 Cor. 2, 9).
Apocalipse canta que «Deus mesmo estará com eles e enxugará as lágrimas dos seus olhos, e a morte não existirá mais, nem haverá luto, nem gritos, nem trabalho, e tudo isso estará já passado» (Apoc. 21, 3-4).Santo Agostinho comenta: «Descansaremos e contemplaremos e amaremos e louvaremos» (De civitate Dei, 22, 30: V.L. 41, 804).
É o que ensina a Igreja: «veremos com clareza o próprio Deus, Trino e Uno, tal como é» (Conc. de Florenca, Dz. 693). Este contemplar a Deus face a face e que se chama a visão beatífica, e ocupará a nossa vida no Céu, enchendo-nos de felicidade.
A visão beatífica é a visão directa e intuitiva de Deus. Neste mundo, não conhecemos a Deus senão pela razão (na medida em que as criaturas nos revelam a sua existência) e pela fé (na Revelação). Na outra vida, havemos de vê-Lo tal como é», na sua própria essência e beleza infinita (1Jo 3,2).
Para podermos ver a Deus, Deus nos eleva a um modo de conhecer muito mais perfeito, a que se chama a luz da glória (lumen gloriae), luz sobrenatural que aperfeiçoa o nosso entendimento. Isto porque a visão da essência de Deus está acima da natureza do homem. O principal objecto da visão beatífica é o próprio Deus. Mas, na essência divina, as almas verão tudo o que lhes cause prazer, como sejam os mistérios que acreditou na Terra e muitas verdades e acontecimentos deste mundo.
A visão de Deus produz o amor beatífico. Conhecendo a sua infinita beleza, não podemos deixar de O amar com todo o nosso coração. Diz-nos o apóstolo S. Paulo que a Fé e a Esperança desaparecem na outra vida. Aí, já não cremos: vemos; já não esperamos: possuímos; e o Amor, no Céu, aumenta e aperfeiçoa-se. O amor de Deus nos fará felizes, porque compreenderemos que Deus, infinito Bem e infinita Bondade, é o nosso próprio bem, isto é, Se nos há-de dar para saciar a sede de felicidade do nosso coração.
No Céu, teremos, em Deus, todo o bem, toda a felicidade, e a realização de todos os desejos, porque Deus é o Bem infinito. «Ficarão inebriados com a abundância da tua casa, e Tu lhes darás a beber na torrente das tuas delícias» — diz o Rei David (Sl. 35, 9).
Nenhum mal pode haver no Céu; nem pecado, nem possibilidade dele, pois seremos confirmados em graça; nem dor, nem inquietações, nem sequer necessidades ou desejos, pois todos estarão antecipadamente satisfeitos.
Não podemos compreender a felicidade do Céu, porque para tal necessitaríamos de compreender a infinita Bondade e Beleza de Deus. O que sabemos é que é uma felicidade que não terá fim, e será sem interrupção, nem diminuição.
Além da felicidade essencial da visão beatífica, os justos hão-de gozar, no Céu, de uma bem-aventurança acidental: a companhia de Jesus Cristo, de Maria Santíssima e de S. José, dos Anjos e dos Santos; o bem realizado neste mundo; e, depois do Juízo universal, a posse do próprio corpo ressuscitado e glorioso.
Por outro lado, os gozos do Céu não serão iguais para todos, mas sim em proporção com os méritos de cada um. O amor de Deus, fará com os justos, algo de parecido com o que faz o fogo com o ferro candente, que resplandece e arde graças ao calor que recebe. Todos os bem-aventurados serão eternamente felizes, mas serão premiados de modos diversos.
Haverá prémios diferentes consoante o mérito de cada um; no entanto, todos serão absolutamente felizes, porque estarão plenamente cheios de Deus, de acordo com a sua capacidade, adquirida pela correspondência à graça durante a vida terrena. (Cfr. Pablo Arce e Ricardo Sada, Curso de Teologia Dogmática, Editora Rei dos Livros, pp. 121-122; 253-256; 259-261)
Será que Deus é só amor, ternura e misericórdia, não é também justo e não castiga? Façamos a seguinte reflexão a partir da teologia católica.
Deus castiga, isso deve ficar claro desde o início. Ele castiga não apesar de ser um Deus de amor, mas exatamente porque é um Deus de amor. O que se deve entender, portanto, é em que consiste o castigo.
O grande doutor da Igreja, Santo Tomás de Aquino, explica o que significa o castigo divino em sua obra Suma Teológica, quando fala sobre a vingança. Para ele, a vingança tem uma conotação diferente daquela que é usada atualmente - como um ato irracional -, trata-se de uma virtude e deve ser entendido como o castigo infligido para a conversão do pecador.
Deus ama o homem e, por causa disso, como um pai bondoso, permite o sofrimento para que o filho se volte para Ele. São inúmeros os casos de conversão ocorridos após um grande sofrimento, alguma perda ou doença. É verdade também que Ele procura atrair o homem com vínculos humanos de amor. Mas nem sempre funciona. Nem sempre a linguagem do carinho é entendida e, nesses casos funciona é preciso que o reto caminho seja ensinado por meio do limite, da disciplina.
Deus administra a questão do sofrimento da humanidade, quase da mesma forma que o homem administra um sistema penal, diz Santo Tomás, ou seja, penalizando as pessoas primeiro para que se convertam e segundo para evitar dificuldades na sociedade. O que justifica o castigo é a intenção.
"A vingança se consuma quando se inflige ao pecador um mal de pena. Por conseguinte, na vingança deve-se levar em conta o ânimo daquele que a exerce. Porque se a intenção dele recai principalmente sobre o mal daquele de quem se está vingando, e nisto se compraz, então isto é absolutamente ilícito, porque o fato de se comprazer com o mal de outrem é da ordem do ódio, que repugna à caridade, pela qual devemos amar todos os homens. E ninguém se desculpa alegando querer o mal daquele que injustamente lhe fez mal; da mesma forma que ninguém se desculpa de odiar aqueles que o odeiam." (Suma Teológica II-II, q. 108, a. 1)
Assim, é lícito castigar com limite, com moderação, com sabedoria, mas nunca por ímpetos irracionais. É necessário também enxergar nas desventuras da própria vida o cuidado e o amor de Deus, nesse mesmo sentido.
A misericórdia de Deus muitas vezes se manifesta em forma de castigo, de correção, de limite e de disciplina. Isso ocorre por motivos simples, mas contundentes: Ele ama seus filhos e quer o bem e a salvação de todos. (cfr. www.padrepauloricardo.org)
Reflitamos agora acerca do pecado original: «Estabelecido por Deus na justiça, o homem, seduzido pelo maligno, logo no começo da História abusou da sua liberdade, erguendo-se contra Deus e desejando alcançar o seu fim à margem de Deus. (…) O que conhecemos pela Revelação divina está de acordo com a experiência. Na verdade, o homem, examinando o seu coração, descobre que é inclinado para o mal e mergulhado em múltiplos males, que não podem provir do seu Criador, que é bom.» (Conc. Vaticano II, Const. Past. Gaudium et Spes, 13; cf. Conc. De Trento, Decreto sobre o pecado original, Dz, 782-792 ;vid. Puebla n. 281, 328 e 330)
Deus colocou os nossos primeiros pais num delicioso jardim, chamado Paraíso terrestre, onde gozavam de tranquila felicidade (cf. Gen. 1,26). Elevou-os, além disso, a uma ordem sobrenatural, pela qual eram capazes de alcançar o fim sobrenatural da visão beatífica. Apesar de tudo, por ser infinitamente justo, Deus dispôs que esse fim fosse por eles obtido por mérito próprio, de acordo com a natureza livre do seu ser.
Impôs-lhes, para tal, um preceito, a saber, o não comer de uma fruta que se encontrava no meio do paraíso, advertindo-os claramente de que morreriam se desobedecessem (cf. Gen. 2, 17).
Adão e Eva não obedeceram ao Senhor. Eva deixou-se seduzir pelo Demónio, que lhe dissera que, se comessem, seriam como deuses, decidindo por si do Bem e do Mal. Comeu, pois, do fruto, e em seguida o apresentou a Adão, que, para lhe comprazer, também comeu (cf. Gen. 3).
Por conseguinte, o pecado dos nossos primeiros pais não foi um simples pecado de gula, mas um gravíssimo pecado de soberba, pretendendo ser iguais ao Altíssimo.
Em virtude do dom de integridade, o pecado não podia ser de paixão — rebelando-se as paixões contra os ditames da razão — , visto que lhe estavam perfeitamente submetidas. A rutura tinha de vir por meio da rebeldia da razão, não querendo esta sujeitar-se ao domínio de Deus.
Alem disso, o pecado tornou-se mais grave pela circunstância de que a ordem era fácil de cumprir e de que eles não tinham nem ignorância que lhes cegasse a mente, nem concupiscência que os arrastasse ao mal.
Os nossos primeiros pais foram portanto castigados por Deus, não só foram expulsos do Paraíso, como ainda: Foram privados dos dons sobrenaturais, a saber, da graça e do direito da glória Celeste; e ficaram escravos do Demónio e condenados à perdição eterna se Deus não lhes perdoasse. Foram privados dos dons preternaturais; assim: Em vez da ciência, ficaram submetidos à ignorância. Em vez da integridade, sentiram a desordem na sua natureza, a saber: a concupiscência ou rebelião da carne contra o espirito, e a inclinação ao mal por parte da vontade. Em vez da imunidade, viram-se submetidos a toda a espécie de privações e sofrimentos. Em vez da imortalidade, foram castigados com a morte.
Reflitamos agora sobre do novíssimo a morte. A morte não é o fim. Todos temos a necessidade de agir com retidão. A morte dá-nos importantes lições de prudência, que havemos de saber aproveitar: A primeira é-nos dada pelo Salvador quando diz: «Estai preparados, pois não sabeis nem o dia nem a hora» (Mt. 25, 13). A segunda a desprendermo-nos das coisas terrenas, pois só o eterno perdura. A terceira é-nos dada por S. Paulo quando diz: «Enquanto tivermos tempo, façamos o bem!» (Gal. 6, 10). Efetivamente, o tempo de expiar os nossos pecados e de obter méritos para o Céu termina com a morte.
Ensina-nos também a Sagrada Escritura que «a morte do justo é preciosa aos olhos do Senhor» (Sl. 115, 15); mas que «a morte dos pecadores é péssima» (Sl. 33, 22). Daí que, conforme for a nossa vida, assim será a nossa morte.
São terríveis as palavras com que Deus ameaça os ímpios no livro dos Provérbios: «Estive a chamar por vós, e não Me respondestes; desprezastes todos os meus conselhos e não fizestes caso nenhum das minhas repreensões. Também Eu Olharei com riso a vossa perda e troçarei de vós quando vos chegar o que temíeis, quando a morte se lance sobre vós como um turbilhão» (1, 24 e ss.).
O juízo particular, que se dá imediatamente após a morte de cada homem, consiste em que Jesus Cristo, enquanto Deus e enquanto Homem, julga aquela alma acerca do grau da caridade: se morreu ou não no Amor de Deus, e em que grau. Logo a seguir ditará a sentença de salvação ou condenação eterna.
A justiça do Supremo Juiz será estrita: «Descobrirá o mais secreto dos corações» (1 Cor. 4, 5); inapelável, pois se trata apenas de tornar manifesto aquilo que o homem livremente determinou quando podia fazê-lo.
Deus julgará os nossos pensamentos, desejos, palavras, obras e omissões. «Daremos contas até de uma palavra ociosa» (Mt. 12, 36) — diz a Escritura.
A norma segundo a qual o Senhor nos julgará não são os falsos princípios do mundo, nem o ditame das nossas paixões, mas sim as máximas do seu Evangelho e o ensino da sua Igreja: em ultima análise, do grau de graça — união com Deus — que a alma possui no seu ultimo instante.
Reflitamos agora acerca da eterna condenação no inferno. O Inferno é um lugar de tormentos, onde sofrerão eternos suplícios os que morrem em pecado mortal.
A respeito do Inferno, são verdades de fé: 1.°) que existe; 2º há nele pena de fogo; 3.°) que os seus tormentos são eternos; 4.° que vão para lá os que morrem em pecado mortal.
Isto é conhecido por muitas e muito claras palavras da Escritura. Ela chama ao Inferno «lugar de tormentos» (Lc. 16, 28), «suplício eterno» (Mt. 25, 46), «fogo inextinguível» (Mc. 9, 43). E Deus dirá aos réprobos «Afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno que está preparado para o Diabo e para os seus anjos» (Mt. 25, 41). Setenta vezes fala a Escritura do Inferno; destas, vinte e cinco nos Evangelhos.
A Igreja sempre ensinou a existência do Inferno: «As almas daqueles que saem do mundo em pecado mortal atual, imediatamente depois da sua morte descem ao Inferno, onde são atormentadas com penas infernais (Bento XII, Const. «Benedictus Deus», Dz. 531).
O Papa Paulo VI voltou a recordar, no «Credo do Povo de Deus»: Há-de «julgar os vivos e os mortos, cada um segundo os seus méritos: os que corresponderam ao Amor e à Misericórdia de Deus, indo para a vida eterna; os que os recusaram até ao fim, indo para o fogo que não se extinguirá jamais» (n. 12).
A Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé insiste em que mantendo-se fiel ao Novo Testamento e à Tradição (...) crê no castigo eterno que espera o pecador, o qual será privado da visão de Deus, e na repercussão desta pena em todo o seu ser» (Sobre algumas questões referentes à Escatologia, carta de 9-V-1979).
As penas do Inferno são:
1.° A privação de todo o bem: de todo o repouso, alegria, amor e esperança; e em especial a privação de Deus. É a chamada «pena de dano».
2º O sofrimento de todo o mal e dor. A Escritura chama-lhe «lugar de tormento» e especialmente insiste no suplício do fogo. Denomina-se «pena de sentido». As penas do inferno serão iguais em duração para todos os condenados, pois são eternas; quanto à intensidade, serão diferentes, de acordo com a gravidade dos pecados e com o abuso das graças recebidas. «Deus dará a cada um segundo as suas obras» (Rom. 2,6). «Quanto mais glória e prazer experimentou, mais tormento e luto lhes darei». (Apoc. 18,7)
Tendo em conta o que foi dito, concluímos que se Deus fosse só amor, misericórdia e ternura, não condenaria o pecador, e logo não haveria inferno.
Reflitamos gora sobre outra verdade da nossa fé: o Purgatório. O Purgatório é um lugar de purificação, onde as almas justas que não expiaram completamente os seus pecados os expiam com graves sofrimentos antes de entrarem no Céu.
A respeito do Purgatório, são verdades de fé: que existe como lugar de expiação; que podemos ajudar as almas ali detidas.
A existência do Purgatório está claramente ensinada no Magistério, implicitamente contida na Escritura, e confirmada pela própria razão. Bastará citar estas palavras do Concilio de Trento: «A Igreja Católica ensina que há um purgatório e que as almas ali detidas recebem alívio pelos sufrágios dos fiéis, principalmente pelo Santo Sacrifício da Missa» (Dz. 983).
Com efeito, depois de o livro dos Macabeus narrar que Judas enviou 12000 dracmas de prata para Jerusalém, «para que se oferecesse um sacrifício pelos mortos em combate», acrescenta: «É coisa santa e salutar rogar pelos defuntos, a fim de que sejam livres dos seus pecados» (2 Mac. 12, 46). Ora, se não houvesse Purgatório, esta prática não seria nem santa, nem salutar, mas inútil; pois, nem as almas do Céu precisam de orações, nem as do Inferno podem aproveitá-las. Confirmada pela razão. Efetivamente, há almas que morrem na graça de Deus, mas sem terem expiado convenientemente os seus pecados. Pois bem: seria injusto condená-las, porque estão em graça, e seria injusto introduzi-las já no Céu, porque não satisfizeram ainda devidamente. Deve, pois, existir para estas almas um lugar intermédio, onde se purifiquem antes de entrarem no Céu.
No entanto, o Protestantismo: «em teoria, não admite o Purgatório, e consequentemente, as orações pelos defuntos. Na prática, porem, ao menos os Luteranos alemães voltaram a elas justificando-as com algumas considerações teológicas. As orações pelos nossos mortos são um impulso demasiado espontâneo para que possa ser sufocado. É testemunho belíssimo de solidariedade, de amor, de ajuda, que ultrapassa as barreiras da morte. Da minha lembrança ou do meu esquecimento depende um pouco a felicidade ou a infelicidade daquele que me foi querido e que passou agora para a outra margem, mas que não deixa de ter necessidade do meu amor» (Card. Ratzinger, Diálogos sobre a Fé, Ed. Verbo, Lisboa, 1985, pg. 122).
Duas espécies de penas se sofrem no Purgatório: a pena de dano, ou seja a privação da visão de Deus; a pena de sentido, que consiste no fogo e noutros padecimentos. A respeito da sua intensidade, sabemos que são proporcionadas ao número e gravidade dos pecados; e que são muito mais intensas do que os sofrimentos desta vida; mas que as benditas almas as sofrem com resignação, e até com alegria, por terem a certeza da salvação. Quanto à duração, não temos dados certos. No entanto, é claro que socorrer as almas do Purgatório é: grato a Deus, que as ama intensamente e quer vê-las depressa na sua glória; proveitoso para elas, que nada podem por si mesmas, visto que já passou o tempo de satisfazer; útil para nós, pois elas se converterão em poderosas intercessoras nossas.
Devemos especialmente, pedir por aquelas almas com quem nos uniam vínculos de parentesco, amizade e gratidão, e por aquelas que podem estar a sofrer por nossa causa.
Podemos socorrer as almas do Purgatório: com orações, esmolas e boas obras, com indulgências ganhas em seu favor, e sobretudo com o Santo Sacrifício da Missa.
Reflitamos acerca de outro novíssimo: A eterna felicidade do Céu. O Céu é o lugar da eterna felicidade, onde Deus recompensa os justos: «Vinde, benditos do meu Pai, tomar posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo» (Mt 25,34) É tão diferente de tudo o que conhecemos, que nos é difícil imaginar esse prémio. No entanto, pela fé, sabemos que existe.
A glória do Céu é essa felicidade que o homem deseja veementemente nesta Terra. O coração humano é feito para amar a Deus, e algumas vezes consegue-o; outras, porém, fica pelas criaturas, que nos escondem Deus. Na Terra, porém, o gozo é sempre incompleto, ao passo que no Céu a felicidade é perfeita e não terá fim: é a felicidade possuída eternamente, sem descanso e sem cansaço.
Não podemos exprimir com palavras humanas a glória do Ceu. S. Paulo adverte-nos de que «nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem a mente humana compreendeu, o que Deus tem preparado para os que O amam» (1 Cor. 2, 9).
Apocalipse canta que «Deus mesmo estará com eles e enxugará as lágrimas dos seus olhos, e a morte não existirá mais, nem haverá luto, nem gritos, nem trabalho, e tudo isso estará já passado» (Apoc. 21, 3-4).Santo Agostinho comenta: «Descansaremos e contemplaremos e amaremos e louvaremos» (De civitate Dei, 22, 30: V.L. 41, 804).
É o que ensina a Igreja: «veremos com clareza o próprio Deus, Trino e Uno, tal como é» (Conc. de Florenca, Dz. 693). Este contemplar a Deus face a face e que se chama a visão beatífica, e ocupará a nossa vida no Céu, enchendo-nos de felicidade.
A visão beatífica é a visão directa e intuitiva de Deus. Neste mundo, não conhecemos a Deus senão pela razão (na medida em que as criaturas nos revelam a sua existência) e pela fé (na Revelação). Na outra vida, havemos de vê-Lo tal como é», na sua própria essência e beleza infinita (1Jo 3,2).
Para podermos ver a Deus, Deus nos eleva a um modo de conhecer muito mais perfeito, a que se chama a luz da glória (lumen gloriae), luz sobrenatural que aperfeiçoa o nosso entendimento. Isto porque a visão da essência de Deus está acima da natureza do homem. O principal objecto da visão beatífica é o próprio Deus. Mas, na essência divina, as almas verão tudo o que lhes cause prazer, como sejam os mistérios que acreditou na Terra e muitas verdades e acontecimentos deste mundo.
A visão de Deus produz o amor beatífico. Conhecendo a sua infinita beleza, não podemos deixar de O amar com todo o nosso coração. Diz-nos o apóstolo S. Paulo que a Fé e a Esperança desaparecem na outra vida. Aí, já não cremos: vemos; já não esperamos: possuímos; e o Amor, no Céu, aumenta e aperfeiçoa-se. O amor de Deus nos fará felizes, porque compreenderemos que Deus, infinito Bem e infinita Bondade, é o nosso próprio bem, isto é, Se nos há-de dar para saciar a sede de felicidade do nosso coração.
No Céu, teremos, em Deus, todo o bem, toda a felicidade, e a realização de todos os desejos, porque Deus é o Bem infinito. «Ficarão inebriados com a abundância da tua casa, e Tu lhes darás a beber na torrente das tuas delícias» — diz o Rei David (Sl. 35, 9).
Nenhum mal pode haver no Céu; nem pecado, nem possibilidade dele, pois seremos confirmados em graça; nem dor, nem inquietações, nem sequer necessidades ou desejos, pois todos estarão antecipadamente satisfeitos.
Não podemos compreender a felicidade do Céu, porque para tal necessitaríamos de compreender a infinita Bondade e Beleza de Deus. O que sabemos é que é uma felicidade que não terá fim, e será sem interrupção, nem diminuição.
Além da felicidade essencial da visão beatífica, os justos hão-de gozar, no Céu, de uma bem-aventurança acidental: a companhia de Jesus Cristo, de Maria Santíssima e de S. José, dos Anjos e dos Santos; o bem realizado neste mundo; e, depois do Juízo universal, a posse do próprio corpo ressuscitado e glorioso.
Por outro lado, os gozos do Céu não serão iguais para todos, mas sim em proporção com os méritos de cada um. O amor de Deus, fará com os justos, algo de parecido com o que faz o fogo com o ferro candente, que resplandece e arde graças ao calor que recebe. Todos os bem-aventurados serão eternamente felizes, mas serão premiados de modos diversos.
Haverá prémios diferentes consoante o mérito de cada um; no entanto, todos serão absolutamente felizes, porque estarão plenamente cheios de Deus, de acordo com a sua capacidade, adquirida pela correspondência à graça durante a vida terrena. (Cfr. Pablo Arce e Ricardo Sada, Curso de Teologia Dogmática, Editora Rei dos Livros, pp. 121-122; 253-256; 259-261)